Por que os novos processadores Bulldozer da AMD vão esquentar o mercado?

Com nova arquitetura, AMD pretende vencer a próxima rodada no combate de processadores. Conheça os detalhes das futuras CPUs da fabricante que vem desafiando a Intel há anos.


    O ano era 2003 e a Advanced Micro Devices estava lançando o famoso Athlon 64. Destoando de seu antecessor, o Athlon XP, este trazia uma nova arquitetura, a qual foi nomeada como AMD64. O rumo da AMD estava bem trilhado com a novidade nos chips da época, pois eles conseguiam concorrer em pé de igualdade com as CPUs Intel.

    O tempo passou e as duas fabricantes lançaram novos processadores. A AMD preferiu evoluir sua arquitetura AMD64, adaptando algumas estruturas internas para prover melhor desempenho. As CPUs de múltiplos núcleos da fabricante faziam bonito, porém, a Intel parecia sempre estar um pouco à frente.


    Não que o desempenho de processadores como o Phenom e o Athlon fosse desprezível, mas notava-se que em muitos testes a Intel levava certa vantagem. Essa era a situação até o relógio indicar meia-noite , momento em que a AMD cansou de insistir na arquitetura AMD64.

    O lançamento da linha Intel Core, principalmente quanto aos modelos i3, i5 e i7, despertou a AMD. A fabricante então decidiu trilhar um caminho diferente: adotar uma nova arquitetura. Sim, estamos falando da Bulldozer, a palavra que vem significando muito para a AMD e despertando grande curiosidade nos consumidores.
    Nova arquitetura, algumas heranças

    Apesar de a AMD ter decidido voltar à estaca zero e criar uma arquitetura completamente diferente da que vinha utilizando, a fabricante decidiu não descartar as características que tinha como eficientes. Por isso, algumas coisas ainda permanecem iguais, aliás, parecidas.


    O controlador de memória integrado é um dos recursos que não será jogado fora. Isso porque a ideia de introduzi-lo nos processadores AMD64 foi tão genial que até mesmo a Intel decidiu adotar a característica em seus processadores mais recentes. Esse componente interno dos processadores AMD garante que o chip principal se comunique em alta velocidade com a memória cache (do próprio processador) e com os módulos de memória RAM.

    Outro detalhe que foi mantido intacto foi o barramento HyperTransport. Caso você ainda não saiba, é graças a esse barramento que os processadores AMD se comunicam de forma mais eficiente com o chipset e, consequentemente, com os demais componentes do computador.
    Pequena alteração

    Nem todos os detalhes sobre as novas CPUs AMD foram revelados, porém, a fabricante já afirmou que os novos processadores utilizarão o soquete AM3+. Isso significa que a quantidade de pinos deve ser a mesma dos modelos compatíveis com o padrão AM3, porém, também indica que haverá certa incompatibilidade entre os Bulldozer e as placas-mãe antigas.

    Apesar disso, algumas marcas, como a ASROck, já anunciaram que vão lançar atualização de BIOS para as placas antigas. Segundo a fabricante, a mudança no software principal da placa-mãe vai possibilitar o uso das CPUs com arquitetura Bulldozer em placas com soquete AM3. Agora você deve estar pensando: se o AM3 consegue trabalhar com os novos modelos da AMD, por que trocar de soquete?


    Na realidade, a troca de soquete não é apenas uma jogada de marketing ou qualquer coisa do tipo. O AM3+ tem muitas diferenças se comparado com o AM3. A primeira delas é a capacidade de regular com maior precisão a tensão.

    Outra diferença está na parte física: os buracos para o encaixe dos pinos são mais largos. Isso sem contar as tantas mudanças técnicas na parte elétrica. Vale frisar que placas-mãe com soquete AM3+ devem refrigerar melhor os processadores.
    Principais mudanças
    Dois que valem por quatro

    Como já citamos, a AMD decidiu reestruturar a arquitetura de seus processadores. Isso significa que o posicionamento das peças dentro das CPUs foi alterado. Os Bulldozers trabalharão com módulos, sendo que cada um terá dois núcleos. Esses módulos compartilharão alguns recursos, como o Fetch (unidade que recebe os dados), o Decode (unidade de decodificação) e a memória L2.


    Os modelos mais básicos com a arquitetura Bulldozer terão apenas um módulo, o que significa que em teoria são dois núcleos (como exibido na imagem acima). Todavia, não se pode afirmar exatamente que sejam dois núcleos, justamente porque os dois não conseguem trabalhar independentemente (ou seja, não são dois processadores dentro de um). Não que isso signifique que você vai comprar gato por lebre.

    Na verdade, a estruturação dos blocos internos da arquitetura Bulldozer deve permitir que o ganho de desempenho seja significativo. Segundo as informações da AMD, os processadores com um módulo serão identificados como modelos de dois núcleos, o que não deve causar diferenças na hora da utilização. O sistema operacional reconhecerá e utilizará a CPU como se ela fosse um modelo dual-core.


    Desse modo, processadores quad-core trarão dois módulos internos, cada qual com dois núcleos, ou seja, cada par de núcleos compartilhará alguns recursos. Assim também acontecerá com CPUs de oito núcleos, as quais terão quatro módulos (como essa mostrada acima). A AMD informa que essa nova estrutura interna foi adotada para melhorar o desempenho e reduzir custos.

    A melhoria no desempenho se dará em decorrência do aproveitamento constante dos núcleos. Ao contrário dos antigos processadores AMD, os núcleos dos Bulldozers não ficarão ociosos. Já o custo será reduzido automaticamente, pois considerando o uso compartilhado de recursos, fica evidente que menos peças serão necessárias.
    Novas instruções internas

    Com o avanço dos processadores ocorreu uma grande evolução nos softwares. Devido a isso, a AMD adotou novos conjuntos de instruções para os processadores Bulldozer. Os conjuntos SSE 4.1 e 4.2 já eram esperados nessa nova linha, as quais servem para aumentar o desempenho com aplicativos multimídia.

    No entanto, poucos esperavam que a AMD adotasse as instruções AVX – criadas pela Intel (confira mais detalhes sobre as instruções AVX clicando aqui). Além disso, a fabricante aproveitou para adotar outra tecnologia presente nas CPUs Intel Core. Trata-se do conjunto de instruções AES, o qual serve para melhorar a criptografia de dados.


    E por fim, os Bulldozers contarão com instruções LWP (Light Weight Profile, que em português significa Perfil de Peso Leve), as quais servirão para que os programas possam aproveitar melhor o processamento das CPUs.
    Overclock automático e economia de energia

    Outras duas novidades devem garantir que os processadores com arquitetura Bulldozer encarem as CPUs da Intel. A primeira é a presença de uma funcionalidade que possibilita ao processador desativar um ou mais núcleos que não estão em uso. Por exemplo: se você está utilizando um aplicativo que não demanda muito poder de processamento, a CPU irá desligar um núcleo para economizar energia.

    A outra novidade se chama Turbo CORE, tecnologia semelhante à Turbo Boost (presente nos processadores Intel). O Turbo CORE faz verificações constantes no processador para averiguar o quanto de poder de processamento está sendo utilizado. O valor obtido por essa medida é o ACP (Average CPU Power, que em português significa Potência Razoável da CPU).


    Vale salientar, no entanto, que o Turbo CORE só altera a frequência do processador caso algum programa ou jogo requisite mais poder de processamento. Além disso, esse recurso limita-se a atuar apenas quando o ACP obtido estiver abaixo do valor máximo, ou seja, se detectado que o chip está trabalhando com folga, o Turbo CORE entra em ação e efetua um overclock automático.
    Quando poderei ter o meu?

    O lançamento dos primeiros processadores com arquitetura Bulldozer está agendado para o segundo trimestre de 2011. Aliás, a agenda para o mês de junho está repleta de novidades da AMD – ao menos é o que indicam as notícias baseadas em um vazamento de informações. No começo do mês, deve ocorrer o lançamento dos chipsets da série 900 (possivelmente durante a Computex 2011).

    Em seguida, cogita-se a apresentação oficial da plataforma AM3+ durante a E3. E chegando à metade do mês, devemos conhecer os processadores AMD A (Fussion Llano) e os AMD FX (com arquitetura Bulldozer).



    De início, provavelmente seremos apresentados a dois octa-cores, um hexa-core e um quad-core. É difícil dizer se todas essas informações são verdade , todavia, a possibilidade de acerto é grande. Infelizmente não há detalhes sobre preços, portanto teremos de aguardar futuras notícias.

    Nossa apresentação básica sobre a arquitetura Bulldozer e os novos processadores da AMD se encerra aqui. Esperamos que você esteja tão ansioso quanto nossa equipe para ver o mercado de processadores esquentar. Agora é sua vez de falar, sinta-se à vontade para comentar e deixar suas impressões sobre as novidades da AMD.

    Leia mais no Baixaki: http://www.tecmundo.com.br/9919-por-que-os-novos-processadores-bulldozer-da-amd-vao-esquentar-o-mercado-.htm#ixzz1LZorycPR

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